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2004-10-14

Maria Rosa Colaço viva em Abril 

"Diga-se CAMARADA. E diga-se! Mas não esquecendo os dias em que estas oito letras eram passaporte para o ar mais puro do tempo imaginado; o santo e a senha para as fronteiras sem medo.
Diga-se CAMARADA. E diga-se!
Mas não esquecendo os dias em que outros, por a escreverem num envelope simples, assim, descuidadamente como te escrevo hoje, tiveram o prémio da tortura e da humilhação, da fome e do tempo sem horas.
Diga-se CAMARADA. E diga-se!
C como CAMARADA
A como AMOR
M como morte
A como AMOR
R como raiva
A como AMOR
D como desespero
A como AMOR
Com AMOR, Morte, Raiva e Desespero se escreveu teu destino para sempre e para nunca, Camarada-Amor, Amor-Camarada, Amor-Morto, Camarada-Perdido sem cravos sobre a Terra sem braços erguidos para te saudarem, camarada anónimo sangue-semente da minha Pátria amada, renovada e livre que aqui invoco, que aqui estremeço.
Hoje, em Abril, metade de mim para sempre na António Maria Cardoso onde morreste dizendo poemas e o teu nome, liberdade, e o resto de mim repetindo morango maduro deste mês sempre novo, desta palavra doce e salgada feita de Tejo e do Sol, o teu nome.
companheiro-militante-morto
o teu nome irmão humilhado e torturado
o teu nome de irmã livre de face ao Sol e à raiva
Catarina de Baleizão
o teu nome meu pai de lábios fechados para a denúncia
e olhos feridos pela coragem dos vinte e oito anos sem amanhã
o teu nome o teu nome o teu nome
ó grande muralha de nomes abnegados e renascidos
ó grande parede branca onde a alegria
é um cravo vermelho, o mais vermelho desta luta e deste mês
que não podemos perder.
Que não podemos perder.
Que não podemos perder."






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