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2004-11-18

Abóbora cristalizada 

Há gostos para tudo, dizem-me. Mas não me importo. Quero lá saber do que dizem enquanto no aconchego de minha casa ou no desassossego do escritório vou trincando avidamente, como quem come pão com manteiga ao lanche, as minhas barrinhas de abóbora cristalizada.
Há lá prazer gustativo maior! Há lá chocolate que a substitua! O açúcar estaladiço por fora, a frescura e macieza por dentro, a cor de topázio, tudo se alia para um prazer sublime, superlativo, inigualável.
Resisto com dificuldade sempre que vejo estas simples embalagens nas prateleiras dos supermercados. Mas resisto. O pior é quando passo por essas lojas que vendem café, bombons, marmelada, doce de gila ou avelãs, avulso. É que na montra nada mais chama a minha atenção de modo tão desastroso como a abóbora empilhada que adivinho a engrossar-me a saliva, a derreter-se nos meus dentes, a colar-me os dedos. Escolho as barras, as mais finas, em forma de paralelepípedo, as mais claras.
Causa celulite, adverte a minha cara-metade, receando ficar com uma mulher disforme em casa. Mas eu equilibro isto com a dose de ruindade que me é imputada e que, dizem, não deixa engordar.
Comer abóbora cristalizada não tem as características de um vício em que, mais do que o prazer puro daquilo que se faz, se depende de qualquer coisa sem já a usufruir, por isso é tão reconciliador.
Sabe melhor no inverno, sem chuva. Assim nos dias como o de hoje. A acompanhar um livro ou um filme.
Vou comer a última de hoje.




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