<$BlogRSDUrl$>

2004-11-16

Carta aberta ao menino jesus 

Há quem, por altura do natal, entristeça, entre em depressão, se entregue à nostalgia, eu sei lá.
Por mim, não tenho essa hipótese, ainda que a época significasse, para mim, mais do que uma entrega desenfreada ao consumo. Parece assim quase cinismo, não é? Mas com o passar do tempo o natal deixou de ter magia. Cresci, é o que é. Entre outras coisas. A minha pequena filha “obriga-me” a celebrar o natal, claro. Mas o apelo sentimental da época, perdi-o.
Ainda por cima, nesta altura, tendo a ter certos azares. Não sou supersticiosa, mas lá que os percalços escolhem esta época para me importunar, disso não haja dúvida.
Este ano é o gás. E uma misteriosa infiltração numa parede. Obrigada a todos os que tornaram possível o subsídio de natal porque assim já tenho onde recorrer para fazer face às tuas partidas, ó menino jesus tão galhofeiro.
Ou então, não é de azares que falo mas de... corrupção. Eu explico. Antes ainda de expirar o seguro de construção da minha casa (cinco anos), já me lanço para o terceiro esquentador. E não, não se trata de defeito de fabrico dos aparelhos nem de capricho meu em fazer compras. O que se passa é que foi emitida uma licença de habitação sem que estivessem reunidas todas as condições para que tal acontecesse. Ou seja, a extracção de monóxido de carbono não acontece porque alguém facilitou onde nunca poderia ter facilitado. Então, para libertar os 175 ppm provenientes do esquentador cá de casa, em vez dos 49 aceites como seguros, resta-me a janela que devo manter de par em par nestas noites tão amenas (!!). Eu sei que o advogado do construtor é casado com a advogada da Câmara e que isso invalida, à partida, qualquer processo judicial, mas é legítimo que isso nos coloque em perigo, cá por casa? Ou que tenha de esperar que a minha filha saia da cozinha para poder abrir a água quente?
A infiltração poderia ser só um azar, também. Mas não é. Resulta do refluxo provocado pela acumulação de monóxido de carbono não extraído pelo esquentador.
E pronto, começo a habituar-me a direccionar o meu subsídio de natal para a compra de esquentadores, que sempre são mais úteis do que castelos ou Fadas Sininho, mas que não fazem a minha filha sorrir tanto e deveriam durar uns anitos mais. E afinal, vou carregar o empréstimo para a casa durante uns bons anos, e não é assim tão pouco.
É isto o que temos, mas não é isto que merecemos nem sequer o que queremos, ó menino jesus adormecido.




0 Além disso...
Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?