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2004-12-14

Avô Pratas 

É lugar comum dizer que só damos valor às pessoas quando nos faltam. Não é sempre assim. Muitas vezes reconhecemos o valor dessas pessoas e apenas pecamos por não lho dizermos.
É o que se passa com o nosso colega Pratas que, esperamos, tenha forças e alento para nos ler em casa.
O Pratas é o nosso colega mais velho. Já teve direito a alguns posts neste blog por ser uma figura tão característica, pelos seus famosos pontapés na gramática, pelo seu bigode, pelas gaffes, por não perceber o pontapé por debaixo da mesa, por pegar no entrecosto como uma madame que pega graciosamente na sua chávena de chá. Mas o Pratas é muito mais do que isso. É um profissional de mão cheia, do alto dos seus 70 anos. É um homem bem disposto e generoso, disponível e companheiro, amigo incondicional.
Adoptámo-lo, a Flor e eu, como nosso avô depois de fazermos contas e de lhe mostrarmos que sim, que poderia sê-lo.
Estas duas netas se, por um lado, lhe dão vontade de adiar a reforma e de continuar a aceitar abusos que nenhuma outra pessoa, no seu lugar, aceitaria, em termos do trabalho que lhe é pedido, por outro lado, dão-lhe cabo da cabeça. Uma é doce, carinhosa e infalível. A outra tem mau feitio e é fria e directa quando não lhe apetece aturar tretas. Uma aceita-lhe o beijo matinal a outra desatina com um breve toque no ombro. Uma aceita os elogios que faz de boa vontade, a outra passa-se com um olhar mais fixo. Uma fá-lo sorrir, a outra deixa-o ir muitas vezes para casa de cara amarrada.
Mas ambas nutrem por ele uma ternura imensa, uma ternura de netas para avô e mantêm uma relação de carinho, respeito e cumplicidade onde poucos mais entram.
O Pratas está doente. Está em casa. De baixa, pela segunda vez na sua já longa vida. Sentimos-lhe a falta. A casa e a mesa do almoço estão vazias. Nós estamos apreensivas. Queremos que volte depressa.
As melhoras, avô Pratas.




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